Vou ensinar-te os 5 passos para conseguires fazer um Drift perfeito!
Escolher o sítio certo
Qual o setting correto
Diferentes tipos de Drift
Agir quando corre mal
O Drift perfeito
O Drift é uma modalidade que nasceu no Japão na década de 70. Na década seguinte teve um crescimento exponencial com a chegada aos écrans e com o primeiro campeonato. Hoje em dia existem milhões e milhões de adeptos, sendo que os EUA são os responsáveis por uma boa parte deste crescimento exponencial.
A palavra Drift tem uma tradução à letra de “deriva”. Nesta modalidade, o carro ora derrapa para um lado, ora para o outro. Mas o que é isto de derrapar? Num carro com tração traseira, quando o limite desses pneus é quebrado, inicia-se um desequilíbrio no comportamento do carro. No intervalo que vai da condução feita por uma pessoa no seu mais perfeito juízo até ao acidente, existe um "sweet spot". É nesse ponto que se situa o Drift. É aí que a dança de inicia.
Nota: Nem o autor, nem a PKE terão qualquer tipo de responsabilidade sobre atos que possam advir do que aqui falaremos. O Drift é uma modalidade perigosa e só pode ser praticado em locais apropriados para o efeito. Seja responsável na sua condução em estrada, proteja a vida.
Já devem ter reparado que as estradas públicas são compartilhadas com mais... coisas. Carros, pessoas, animais, crianças e às vezes algumas crateras. Brincadeiras à parte, há duas razões para não praticar estas acrobacias na via pública:
Primeiro, porque o respeito pelo outro é um valor essencial na vida;
Segundo, porque dar a desculpa ao sr. Agente que perdeste o controlo da viatura, não joga muito bem quando ele te pergunta: "durante duas voltas inteiras à rotunda?"
Por esta mesma razão, recomendo que escolham um local apropriado. O parque de manobras do Kartódromo de Palmela é um dos locais a explorar.
Desde que o Track Mode foi atualizado no início de 2020 para o Tesla Model 3 Performance, que é possível escolher para onde é que vão os eletrões quando, em curva, se pára o motor da frente ou se pára o de trás. Nos menus posso escolher qual a percentagem que quero entre a frente e a traseira (100% para trás, claro) e qual o nível de assistência que quero ter no controlo de estabilidade (zero, claro está!).
Dependendo do gosto pessoal, deve-se escolher o nível de travagem regenerativa. Eu prefiro 100% porque, assim que levanto o pé do acelerador no momento de inserção, tenho de imediato o carro a rodar. Haverá quem prefira um setting menos agressivo ou quem apenas queira aventura à saída das curvas.
O estilo de Drift mais fácil é o powerslide. Como o próprio nome indica, só existe quebra de aderência dos pneus traseiros quando existe aplicação de potência. Não é por ser o mais fácil que é o menos perigoso, pois temos de ter em atenção que a velocidade tem tendência a aumentar e, subsequentemente, o risco também.
Este Tesla é dos carros mais fáceis que conheço para iniciar um powerslide, não só pelo poder instantâneo do seu motor de máquina de lavar roupa, como também pela distribuição extremamente baixa do seu centro de massa. O doseamento da potência e o ajuste do ângulo de Drift é muito bom, mas começa a perder vitamina para Drifts mais abertos, isto é, a velocidades mais elevadas.
O Drift não seria Drift se só estivéssemos metade da curva de lado, portanto, o nível de dificuldade seguinte é iniciar a curva já com o limite de aderência dos pneus traseiros ultrapassados. Aqui, é importante ter a noção de como se comporta a aderência dos pneus conforme a carga, para que se possa desequilibrar o veículo por transferência de massas na inserção em curva, sem arriscar perder aderência no eixo dianteiro.
Bem, estar preparado para reagir quando as coisas ficam fora do nosso controlo não só é reconfortante, como pode poupar muitos euros na oficina de bate-chapa e pintura. Existem dois grandes perigos:
1. O carro alargar a trajetória à frente à entrada da curva, por irmos depressa demais ou pela inserção não ter sido feita de forma incisiva;
2. A traseira querer passar a frente.
Na primeira situação aconselho vivamente a que comecem a curva a baixa velocidade e vão aumentando progressivamente. Se assim o fizerem, ficam a controlar o primeiro perigo.
O segundo perigo é mais complexo e demora muito mais tempo a afinar. Quando falamos da traseira com vontades exacerbadas, temos de nos colocar mais à frente no tempo e saber o que cada uma das nossas decisões vai ter como resultado. Por experiência própria, quando as coisas correm mal, o Tesla é um carro extremamente dócil e pára sempre no meio da estrada, desde que se tomem as decisões corretas, claro está. Assim que a velocidade aumenta, esta probabilidade diminui e, inversamente, a conta de reparação na Tesla tem tendência a aumentar. Como os Teslas são, inevitavelmente, carros mais pesadotes (este conta com mais de 1800kg de peso), sempre que o piso está molhado, temos de ter atenção redobrada ao tempo que ele demora a parar. Pode ser que já não pare dentro da estrada...
Deixei para o fim o tema mais subjetivo. O que é um Drift perfeito? É aqui que o prazer de condução é máximo!
Para já vamos deixar as transições de lado, pois isso já está noutra liga, e vamo-nos concentrar apenas numa curva única, esquerda ou direita.
Depois de acertar com a velocidade ideal de entrada de curva, afino o momento em que toco no travão para colocar um pouco mais de carga nas rodas da frente e retirar esta mesma carga às rodas traseiras. É neste ponto que inicio decididamente a inserção com volante. Este sweet spot deve ter a rapidez certa para afetar a aderência das rodas traseiras sem que as da frente fiquem demasiado sobrecarregadas.
A partir do momento em que as rodas traseiras perdem compostura, chega a hora de alimentar a deriva da traseira com eletrões fresquinhos. Piso repentinamente o acelerador, mas não a fundo. Em vez disso, elejo o intervalo dos 50 a 75%, até conseguir manter o ângulo inicial de Drift que me satisfaça.
O volante deverá rondar os 3/4 de volta (270º) de contra-brecagem (virar o volante no sentido contrário à curva). Se precisar de mais ângulo de deriva, piso mais o acelerador. Se tiver que reduzir o ângulo, pois estou quase a esgotar as voltas de volante, alivio suave, mas decididamente, o acelerador. Como trajetória, aponto para que a roda da frente interior pise o apex da curva e para que a roda traseira exterior chegue ao limite do asfalto. Até haver pneus e bateria, vou afinando a técnica até obter o Drift perfeito.
Estes 5 passos permitem atingir um prazer de condução sublime e, se bem que neste artigo sejam aplicados a um Tesla Model 3 Performance, podem ser rapidamente adaptados a qualquer veículo de tração traseira. Escolhe o local certo e pratica. Desde que sigas a intuição que tens dentro de ti, com a ajuda destes 5 passos, estou certo de que o prazer de condução é altamente superior quando comparado com a conta dos pneus.
Vê o vídeo abaixo, pratica e diverte-te!