A utilização do telemóvel ao volante tornou-se, infelizmente, num hábito comum na sociedade atual. Em particular, o envio e recepção de mensagens escritas — os populares SMS ou as mensagens instantâneas de aplicações como WhatsApp ou Facebook Messenger —, representa uma ameaça significativa à segurança na condução.
A condução de um veículo é uma tarefa que deve ter toda a atenção do condutor. Cada segundo que os olhos desviam da estrada ou que a mente se distrai, amplia o risco de ocorrer um acidente. As estatísticas são alarmantes: segundo estudos recentes, a probabilidade de ocorrência de um acidente grave é 23 vezes maior quando se está a manusear um telemóvel.
Escrever uma mensagem enquanto se conduz é especialmente perigoso, pois esta acção implica uma distracção visual (olhar para o ecrã), manual (digitar no teclado) e cognitiva (pensar no que escrever). Nesse sentido, a prática de 'texting & driving' pode ser comparada a conduzir após a ingestão de álcool, devido à deterioração semelhante das capacidades de reacção e concentração.
Muitos condutores subestimam os riscos desta prática, assumindo que conseguem 'multitaskar' com eficiência. Porém, a ciência é clara: o nosso cérebro não é desenhado para executar múltiplas tarefas que exigem concentração ao mesmo tempo. Quando tentamos, acabamos por alternar rapidamente entre tarefas, e não a realizá-las em simultâneo, o que diminui a eficácia em cada uma delas.
Por outro lado, mesmo as mensagens de voz não são isentas de risco, dado que, apesar de eliminarem a necessidade de digitar, ainda requerem uma atenção cognitiva que retira o precioso foco à condução.
Para combater este problema, várias medidas têm sido tomadas. A legislação tem-se tornado mais rigorosa, com multas elevadas e até a perda de pontos na carta para quem for apanhado a enviar mensagens ao volante. Adicionalmente, campanhas de sensibilização têm sido promovidas, apelando ao bom senso dos condutores e alertando para os riscos desta prática.
Contudo, a responsabilidade última recai sempre sobre o condutor. O mais seguro é manter o telemóvel num local fora de alcance durante a condução, ou utilizar aplicações que bloqueiem a recepção de mensagens enquanto se está ao volante. Com a consciencialização e a adopção destes hábitos mais seguros, podemos todos contribuir para a redução dos acidentes rodoviários.
Para concluir, é essencial relembrar a todos os condutores que, mais do que uma infracção à lei, o uso do telemóvel ao volante é uma questão de segurança pública. A estrada requer atenção plena, e cada momento de distração pode ter consequências trágicas. Por isso, ao entrar no carro, 'desligue' o telemóvel e concentre-se na estrada. A sua vida, e a dos outros, pode depender disso.
Todos nós sabemos isto. Mas será que respeitamos o que sabemos?