Aos olhos de muitos de nós, portugueses, a nossa industria automóvel é resumida a uma, talvez duas marcas de pequeno ou médio sucesso. A realidade é que a nossa industria é quase tão antiga quanto o automóvel em si. Hoje, a marca que todos conhecemos, a UMM.
4 de Julho, 1977, Mem Martins, uma ideia surge, uma ideia pelo nome de UMM - União Metalomecânica. Mais conhecida pela sua sigla, a UMM entrou no mercado do todo-o-terreno tal como a Portaro fez anteriormente através de licença francesa, os Cournil. Apesar da tremenda marca que a Portaro deixou na nossa industria, a UMM viria a ultrapassar essa marca por uma larga margem, parte deve-se ao facto da UMM ter recebido apoio do Grupo Espirito Santo e com isso ganhar uma estrutura organizacional e projeção de mercado que a Portaro nunca veio a ter e que infelizmente selou o fim da mesma.
Um UMM Cournil do Exército Holandês.
Mesmo quando a Portaro equipou o Exército Português em 1983, muito pouco tempo as viaturas foram trocadas por UMM Alter, que viriam depois a equipar também a Guarda Florestal, a GNR, EDP, Bombeiros entre outros.A UMM veio a participar no Paris-Dakar em três anos consecutivos mas infelizmente os seus resultados nunca foram tão bons quanto os da Portaro.
Uma versão do UMM Alter usado pelo Exército, o UMM Army e um UMM Alter usado pelos Bombeiros.
As carroçarias eram produzidas na fábrica em Mem Martins e posteriormente eram enviadas para a MOVAUTO em Setúbal ou o Baptista Russo em Vendas Novas para a pintura e montagem. No entanto, só a meio dos anos 80 é que a UMM se tornaria “mais portuguesa”.
Carlos Galamba, responsável pela desenho do Sado 550, ficou encarregado da criação do UMM Alter, uma versão da UMM mais adequado em carroçaria, motor e componentes ao nosso mercado nacional. A UMM logrou de uma enorme popularidade criando uma verdadeira legião de seguidores, fãs e entusiastas da marca mas mesmo a UMM viria a ter um fim. Devido a soluções mais económicas em adquirir viaturas estrangeiras montadas em território nacional, as várias entidades que adquiriram UMM viram a trocar os mesmos por outras marcas e modelos.
Um UMM Cournil em prova no Rally Paris-Dakar.
Assim, em 1992 a UMM teve o seu melhor ano em termos de produção para logo depois em 1993, cessar toda a produção. Em 1993, ainda viria a surgir uma nova versão, desconhecida por muitos, o UMM A4. Um UMM com um look mais moderno, mais atenção aos detalhes e à qualidade, assim como uma mecânica mais avançada. Se produzido, o UMM A4 viria mesmo a ser bastante avançado para a época, com um look bem à frente do seu tempo. Este protótipo foi testado mas nunca viria a ser produzido em série. Talvez pudesse ser a salvação da UMM, mas o mesmo nunca viria a acontecer, terminando assim um legado, o maior da história da nossa industria automóvel.
Uma das mais icónicas versões do UMM Alter, o Papamóvel que João Paulo II usou ao visitar a ilha da Madeira.